![]() |
Boletim Materiais de Construção nº 433 |
Porque baixam as margens?
Com o mercado a crescer, os responsáveis e gestores das empresas do nosso setor estão focados, sobretudo, nos investimentos adequados a garantir a sua competitividade num clima de mudança acelerada, mais exigente e com concorrentes cada vez mais fortes e agressivos.
Neste contexto, parece um pouco paradoxal que as margens de comercialização estejam a baixar. E não nos referimos especificamente às margens líquidas, já que essas foram ao longo dos últimos dois anos (e continuarão a ser por mais algum tempo) comprimidas por via do processo decorrido de ajustamento dos preços em baixa e pelo contínuo aumento dos custos de operação (salários, energia e transportes). Este é, por si só, um dos maiores desafios que as empresas enfrentam no futuro próximo e que está no centro das preocupações da Associação.
Voltando à questão, e sem prejuízo de uma avaliação baseada em números que terá que ser feita, parece-nos que a principal razão pela qual as margens médias estão a diminuir está relacionada com o aumento substancial da quota de mercado da construção nova face ao mercado da renovação, ou dito de outra forma, do predomínio dos clientes que são construtores ou promotores relativamente aos particulares ou mesmo dos profissionais independentes.
Maiores volumes, clientes com maior poder negocial e produtos de gama mais baixa estão associados, normalmente, a mais concorrência, a menores margens de partida e a maiores descontos. Mais faturação, mais concentrada e margens mais reduzidas.
Não é que seja necessariamente mau, porque, dependendo das condições em que o negócio é efetuado, pode até ter um custo operacional mais reduzido que compense a perda de margem. Mas, infelizmente, sabemos que nem sempre é assim, tal é a competição por ganhar os grandes negócios. E não podemos esquecer os custos financeiros associados a vendas que, normalmente, também implicam prazos de recebimento mais dilatados.
Muitas vezes, procuram-se estes negócios para alcançar níveis de rappel mais elevados, os quais são aplicados ao total das vendas anuais, mas este conforto pode revelar-se uma mera ilusão se os descontos praticados nos grandes negócios ultrapassarem um certo limite. Convém não esquecer que o desconto é dado sobre o preço de venda e o rappel é sobre o preço de compra…
Seja como for, mesmo não sendo o único fator, a alteração na estrutura de mercado que se verificou desde há cerca de ano e meio favorece o aumento dos volumes de negócios, mas também a redução das margens. Compete aos comerciantes a gestão da situação para assegurarem uma rentabilidade adequada.