Young Merchants realiza 2ª Young Talks em Cantanhede

Networking da APCMC Young Merchants na MAPEI Portugal

Comunicação: a chave para a sucessão e profissionalização das empresas

Sob o tema “O que vem depois? A importância da comunicação na sucessão”, o grupo Young Merchants da APCMC organizou, no passado dia 8 outubro, na Mapei Portugal, em Cantanhede, a 2ª Young Talks, contando com o apoio da Associação das Empresas Familiares.

O grupo Young Merchants da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção tem por objetivo juntar as segundas, terceiras ou, acima de tudo, as “gerações do futuro” – citando José de Matos – secretário-geral da Associação – a partilhar o sonho de fazer mais e melhor, de suceder, de continuar o trabalho, missão e visão de fundadores nas empresas que marcam as suas zonas geográficas e desenvolvem o tecido empresarial português.

Com o objetivo comum de conseguir controlar o que é possível, de tentar estar cada vez mais preparados para os fatores externos e inesperados, mantendo os valores e propósitos das suas empresas, conseguindo ser rentáveis e sustentáveis ao longo dos anos, os cerca de 30 participantes desta 2ª Young Talks debruçaram-se sobre um tema que nos acompanha ao longo da vida e o qual tentamos muitas vezes evitar: a sucessão e como a preparar. O que vem depois?

Pensar o futuro e preparar a geração que nos pode suceder, quem o faz e como o fazer, de que forma comunicamos com os nossos filhos / netos, de que forma passamos os nossos valores a não familiares e os fazemos querer honrar o legado de uma empresa “à nossa maneira”, em contextos onde a empresa é, na sua maioria das vezes, um prolongamento da família, são desafios de elevada complexidade.

A resposta simples e óbvia a esta complexidade é aquela que evitamos porque a sociedade tende, ainda, a defender a ideia de que resiliência, competência e capacidade de gestão são o oposto de emoções e sentimentos. Contudo, todos somos seres humanos que tendem a não assumir a sua vulnerabilidade e finitude.

Foi, precisamente, tendo na mente este conjunto de desafios que o grupo Young Merchants decidiu, pela segunda vez, partilhar entre congéneres, num ambiente informal de conversa, experiências na primeira pessoa, de empresas que geração após geração tentam passar o testemunho. Com o apoio da Associação das Empresas Familiares, na pessoa da sua secretária-geral, Marina Malhão-Pereira, falaram-se de casos reais, de formas de comunicar e pensar a continuidade de empresas que se prolongam nos almoços e jantares de família.

A conexão direta entre empresas e famílias deve-se à elevada percentagem de organizações que tanto no nosso país, como na Europa, pertencem (propriedade) a famílias empresárias. Marina Malhão-Pereira salientou que no seu percurso na Associação, tornou-se um desafio ganho sensibilizar entidades públicas para a quantidade e qualidade de empresas que sendo familiares, se profissionalizam tanto com membros da família como externos, acrescentando valor não só nas suas áreas geográficas como têm um peso significativo no produto interno bruto do nosso País.

As empresas Familiares em Portugal, e segundo números apresentados por Marina Malhão-Pereira, 70 a 80% das empresas nacionais são de cariz familiar, gerando 65% do PIB, compondo 50%  da força laboral e já apresentando a 4ª geração no negócio familiar.

Continuar a empresa, comunicar em família

Igualmente, o convidado externo e consultor internacional de Famílias Empresárias por parte da Family Globex, Pedro Regueiro, conversou com os participantes sobre questões relacionadas com a importância de comunicar, falando abertamente sobre as diferentes perspetivas que podem existir numa mesma família empresária / empresa relativamente ao mesmo assunto, tendo o mesmo propósito e que condicionam o bom ambiente das organizações e a sucessão. Pensar e planear melhor passa por reconhecer que podemos ter problemas na continuidade e, tendencialmente, o diagnóstico e a criação de mecanismos de resolução tendem a ser mais fáceis sempre que se inclui entidades / consultores externos e independentes.

Foi, precisamente, esse o caminho que uma das empresas convidadas para a mesa-redonda fez na elaboração de um Protocolo Familiar que define as regras de participação dos membros da família na empresa, que os tem vindo a apoiar na profissionalização e crescimento da Macolis sem que isso signifique a saída da família dos quadros de liderança.

A partilha de experiências e conhecimentos permite que se reconheça no outro / na outra empresa algo que já se viveu, se vive ou, eventualmente, se poderá viver num futuro. Com essa informação, é possível planear melhor, preparar ações no sentido de evitar conflitos, divisões e/ou outras situações que condicionem o bom funcionamento das organizações.

No fundo, todos os empresários tendem a ter objetivos comuns e, mesmo dentro da família, existindo opiniões divergentes, o importante é encontrar o ponto de equilíbrio e convergência para o bem maior que serão as empresas. A J. Justino das Neves, outra empresa convidada da mesa-redonda, destacou precisamente isto da sua experiência na sucessão, não planeada e mais inesperada pela finitude da vida, acrescentando a grande importância do seu propósito “Juntos construímos o futuro”. A maioria das vezes, a visão turva dos líderes anteriores e/ou vindouros deve-se a emoções e sentimentos individuais que nos incapacitam de ver mais além e, por esse motivo, interferem na gestão das empresas.

É o desafio que todos devemos tentar superar por sermos humanos, colocando-nos nos sapatos do outro, não pessoalizando interpretações, não hiperbolizando emoções/sentimentos, partilhando poder e opiniões, focando o essencial e o possivelmente o mais importante. Acrescentar valor nas organizações é um trabalho de equipa, de mais do que uma pessoa porque o sucesso quando não é partilhado, não tem qualquer mérito. Lá está a frase de um grande empresário português, já falecido, o Comendador Rui Nabeiro, da Delta Cafés, quando disse “se todos quiséssemos, o mundo seria extraordinário”.

Continuar a empresa, preparar a sucessão é um desafio de comunicação que se todos quisermos, nas nossas organizações, é possível fazê-lo.

O grupo Young Merchants, na pessoa da sua Presidente Carla Carreira, apelou em jeito de encerramento, à maior participação das gerações mais jovens deste setor a fim de fortalecer uma rede de contactos que permita a melhoria contínua, o crescimento das empresas distribuidoras de materiais de construção numa lógica sustentável e interconectada.

A 3ª Young Talks terá lugar no primeiro trimestre de 2025 sendo brevemente anunciado o seu tema. Participem!

 

Pedro Regueiro – Family Globex [APRESENTAÇÃO]

       

     

 

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