Boletim Materiais de Construção nº 392

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Focados no essencial!

Normalmente, o que não sabemos é aquilo que mais nos preocupa e mais ansiedade nos causa, mas é na zona do que julgamos saber que se encerram as armadilhas e as causas dos maiores erros em que todos incorremos, mais tarde ou mais cedo (e mais vezes do que certamente gostaríamos).

É da nossa natureza procurar refúgio e segurança nas certezas absolutas e garantidas, mesmo num mundo em que tudo se tornou extremamente volátil e imprevisível. Por isso mesmo, somos facilmente induzidos a dar como certo e comprovado aquilo que a vida ou os processos económicos, sociais ou políticos se encarregam, eles próprios, de alterar constantemente.

Assim, parece ser uma boa regra não nos determos muito com aquelas coisas que não podem, de forma razoável, ser conhecidas ou dominadas. Por outro lado, importa que estejamos focados no que sabemos e podemos controlar.

Do resto, em tudo aquilo em que só nos podemos deitar a adivinhar, é preferível não fundamentar nisso as nossas ações.

Por isso, e a propósito dos desenvolvimentos ocorridos no último mês ao nível das cadeias de abastecimento e dos preços, julgamos pertinente elencar alguns elementos de informação.

Primeiro, os factos:

– Os preços da energia atingiram um patamar em que o retorno rápido a níveis pré-crise está fora de questão, mesmo que a escalada possa e venha provavelmente a ser controlada;

– Os preços dos produtos da construção continuam a subir e tornar-se-ão brevemente incompatíveis com a viabilidade de inúmeros projetos e negócios;

– Neste momento já há dificuldades na confirmação de encomendas e mesmo atrasos;

– A inflação está aí e as taxas de juro já começaram a subir nos EUA. O abrandamento do crescimento económico é já uma realidade.

Depois, quanto tempo vai durar? Não sabemos com precisão.

Por último, as consequências “conhecidas”:

– Terá efeitos negativos no nosso setor em Portugal? Certamente que sim.

– Quando e em que dimensão? Não será a curto prazo, porque felizmente temos uma carteira sobredimensionada de obras em curso e um significativo pacote de incentivos na área da eficiência energética. Vamos ter ainda, muito provavelmente, uma forte procura nos próximos meses induzida pela recuperação do setor do turismo. Por isso, os efeitos sentir-se-ão mais para final do ano.

– Afetará toda a gente? Provavelmente, mas não ao mesmo tempo. As empresas mais ligadas aos chamados produtos básicos deverão sentir mais cedo a redução da procura, devido à suspensão (temporária) de novos projetos. Os produtos que forem mais afetados pela subida dos preços poderão ser preteridos a favor de outros.

– E o futuro da construção? Nos próximos anos vamos ter o PRR que poderá compensar uma eventual redução da construção privada, sobretudo no domínio da habitação, cuja promoção está mais dependente da tripla relação preço, rendimentos e taxas de juro. O setor deverá continuar a crescer nos próximos anos a uma taxa superior ao do conjunto da economia.

Uma nota final: devemos estar particularmente atentos ao crédito e às iniciativas da grande distribuição. Mudanças significativas de cenários geram ameaças e oportunidades que são propícias à inovação e a alterações de forças no mercado.

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