Boletim Materiais de Construção nº 387

Sinais de Alarme ou Alarmismo?

A recente subida dos preços da energia e a declaração de estado de “crise energética” reacenderam as preocupações com a subida dos preços e a “falta” de materiais de construção.

Naturalmente, como já tivemos oportunidade de referir noutras ocasiões, quer a subida rápida e significativa dos preços, quer as “falhas” nas entregas, são prejudiciais à economia do setor e, no caso da primeira, podem e certamente afetarão seriamente a rentabilidade de alguns negócios imobiliários.

Se isso deverá preocupar-nos, parece evidente que sim. Uma nova escalada de preços pode causar, num futuro próximo, algum arrefecimento na procura. Assim como os atrasos nos fornecimentos de alguns produtos poderão ter impactos negativos no curso normal das obras, com consequências também negativas no ritmo dos negócios.

Mas isso não aconteceu ainda, nem há evidência de que esteja para acontecer. Pese o caso mais particular dos produtos metálicos, que tiveram subidas de preços exorbitantes, da ordem dos 60%, e em alguns dos quais tem havido problemas mais frequentes nos fornecimentos, a verdade é que o índice de preços dos materiais de construção publicado pelo INE registava um aumento homólogo, em agosto, de 8,6%, o que, sendo obviamente significativo, é perfeitamente compaginável com a valorização que se tem observado no mercado imobiliário.

A procura continua forte e, em boa verdade, o maior problema que se continua a colocar ao crescimento do mercado é a falta de mão-de-obra. O setor da construção está a trabalhar no limite da sua capacidade (ou mesmo para além dela) e, até certo ponto, algum arrefecimento da procura até poderia ser positivo…

Sério, sério, seria se os preços baixassem rapidamente, sobretudo se isso acontecesse ao nível do produto final da construção. Aí sim, seria caso de Alarme!