Boletim Materiais de Construção nº 382

 

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A volatilidade é uma das características dos tempos que vivemos. Ora agora está tudo bem, logo amanhã parece estar tudo do avesso. Pouco ou nada, para além dessa mesma volatilidade, se pode dar por adquirido, mesmo em prazos curtos, quanto mais à distância de um ano ou dois.

Isso não significa, todavia, que não haja coisas mais estáveis e duradoras, ou que não haja processos de negócio cuja validade permaneça e, sobretudo, princípios de gestão.

A realidade está em permanente mudança, hoje mais rápida, que antes, obrigando a uma atenção constante às novas tendências e a um esforço continuado de adaptação e, muitas vezes, de antecipação.

O que não devemos confundir são essas mudanças, mais de fundo, com as variações mais superficiais e, na maior parte das vezes, temporárias e breves, mesmo que impactantes. Distinguir entre umas e outras é essencial, para não nos perdermos na confusão. Como indivíduos e como organizações, temos que nos preparar para lidar com umas e outras.

Todos mantivemos, ao logo do último ano, sérias e fundadas dúvidas com a sustentabilidade da atividade da construção e dos materiais de construção no futuro próximo, as quais se foram dissipando à medida que se foi tornando claro que o setor imobiliário mantinha, por vários motivos que não vamos aqui repetir, uma forte dinâmica de procura.

As nossas atenções viraram-se, então, para lidar com dois tipos de desafios: os primeiros, de natureza conjuntural, onde pontificam a rápida e desigual subida dos preços dos produtos e a segurança dos recebimentos; os segundos, de ordem estratégica e estrutural, onde as questões ambientais, a transformação digital, a alteração dos modelos de negócio, a concorrência das grandes cadeias de distribuição, das plataformas de vendas pela internet e a venda direta assumem o maior relevo.

A subida dos preços e as dificuldades logísticas eram previsíveis, foram-se acumulando e estão hoje a atingir uma dimensão muito relevante. Os problemas financeiros que podem atingir os nossos clientes nos próximos meses são uma eventualidade que se está a tornar cada vez mais materializável, atendendo ao atraso do Governo na tomada de medidas para resolver o problema dos cerca de 30% dos 42 mil milhões de euros de crédito em moratórias sobre as quais paira a ameaça de incumprimento no respetivo termo. A banca entrou em modo de alarme e o crédito já só é concedido a quem não precisa…

Mas, por mais perturbadores que sejam, o movimento dos preços vai estabilizar e o aumento do risco de crédito pode ser prevenido. São eventos transitórios.

Os outros desafios, contudo, como temos vindo a sublinhar, não se vão dissipar, muito pelo contrário. Apesar de ou por causa da pandemia, estão a materializar-se mais rapidamente, quer em termos de opções políticas europeias e nacionais, quer em termos de ações dos grandes grupos.

Estes, sim, requerem decisões difíceis, investimentos, compromisso e foco permanente. É pisar terreno verdadeiramente desconhecido e, também aqui, pertencer e viver uma associação, onde o conhecimento pode ser partilhado e ampliado, onde algumas ações podem ser desenvolvidas de forma coletiva, como é o caso da digitalização, certamente que ajuda.

 

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