Boletim Materiais de Construção nº 416

Boletim Materiais de Construção nº 416


 >> PDF || Versão Completa

Publicações Anteriores

Mudam-se os tempos, mudam-se as oportunidades…

É praticamente certo que o setor da construção continuará a crescer em 2024, sobretudo na área da promoção pública, quer em infraestruturas, quer em edifícios de habitação, escolares, de educação e saúde abrangidos pelo PRR.

Os gastos públicos em construção deverão compensar largamente o pequeno abrandamento que está a ocorrer ao nível do setor privado, especialmente no segmento das pequenas obras de reabilitação, renovação e manutenção, cujas principais causas foram a inflação e o aumento das taxas de juro.

Se tudo correr como esperado, dominada a inflação e antevendo-se mesmo a possibilidade de alguma redução nas taxas de juro, as coisas deverão começar a melhorar um pouco após o verão deste ano e, eventualmente, regressar ao normal até ao final de 2025.

Até lá, e porventura por mais uns dois ou três anos, o mercado das obras de maior dimensão assumirá uma maior importância para os distribuidores, com todas as dificuldades que isso envolve, quer em termos de margens, quer de meios e competências para acompanhamento de projetos e para negociação.

Este mercado está, pela primeira vez desde a crise, a crescer de forma significativa e a tornar-se preponderante, mesmo que nesta fase, devido àqueles meses do pico dos preços em que muitos projetos foram suspensos ou adiados, isso não seja tão evidente. O hiato criado levou a que haja agora uma maioria dessas obras numa fase inicial, com maior expressão no consumo de ferro, cimento e tijolo e menos procura de produtos e equipamentos de acabamento e decoração.

Mas isso não significa que os comerciantes possam descansar, muito pelo contrário. A natureza destes negócios implica cada vez mais uma negociação a montante, logo na fase de projeto e com o promotor. Sobretudo no caso de estrangeiros, a escolha dos produtos e a fixação do preço antes do arranque da obra é prática corrente.

Interrogamo-nos se a maioria dos comerciantes estará devidamente organizada para tirar partido desta nova oportunidade. Durante anos, com a paragem da construção nova, os comerciantes reduziram as suas equipas comerciais que tradicionalmente visitavam clientes e acompanhavam as obras, passando a investir no retalho e nas exposições e centrando-se no serviço ao cliente final e ao profissional.

Agora, as lojas têm menos clientes e os profissionais de atendimento que há quatro anos estavam em falta estarão, eventualmente, em excesso. Ao mesmo tempo, a diversidade de produtos que é necessária para oferecer um grande leque de opções aos clientes no retalho não é relevante para o negócio da grande obra, onde prevalece a fundamentação técnica e o preço, normalmente ligadas à especialização, à concentração das compras e a uma ação comercial baseada em equipas qualificadas com elevadas competências.

Se hoje há uma verdade insofismável é que é o mercado, os clientes, quem faz(em) as regras. Ou nos adaptamos, ou perdemos.

Há sempre outros que não deixarão passar a oportunidade…

Partilhar:

Outros Destaques