Apreciação Global
No 2º trimestre de 2025 o nível de atividade da construção aumentou significativamente face ao primeiro trimestre do ano (muito afetado pelas más condições climatéricas), regressando ao ritmo de crescimento que se vem a observar desde meados de 2023.
Assim, verificou-se que o índice de produção no sector da construção e obras públicas aumentou 1,75% face ao trimestre anterior (compara com uma variação de -2,44% no primeiro trimestre). Esta subida ficou a dever-se, sobretudo, ao segmento da construção de edifícios que aumentou 1,79%, enquanto o segmento de obras de engenharia aumentou 1,70%.
Em termos homólogos, o índice de produção total aumentou 2,71% e foi também mais influenciado pelo segmento da construção de edifícios que registou um aumento de 3,36% enquanto o segmento das obras de engenharia apresentou um aumento de 1,70%.
Os dados relativos ao emprego na construção e obras públicas refletem essa intensificação do crescimento da atividade, tendo-se registado uma taxa de variação homóloga de 3,06% e de 1,46% em ter-mos trimestrais, valores que comparam com 2,07% e 0,81% respetivamente, observados no primeiro trimestre do ano. A variação média nos últimos 12 meses terminados em junho foi de 2,44% (2,17% em março 2025).
A acompanhar o aumento da atividade estiveram, também, as vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno que, após quase terem estagnado no primeiro trimestre de 2025 (com um crescimento homólogo de apenas 0,03%), registaram um expressivo aumento, em termos homólogos, de 6,0%.
Naturalmente, o sentimento de confiança no sector da construção e obras públicas saiu reforçado, tendo o respetivo índice registado um valor de 4,5 pontos, que compara com os 4,3 pontos apurados no período anterior.
Quanto às expetativas para o futuro próximo, parecem permanecer muito positivas, atendendo, em particular, aos números de licenças de construção que continuam a aumentar significativamente há cerca de uma ano e meio, apesar de algumas flutuações trimestrais porventura relacionadas com efeitos de calendário.
Terá sido o caso neste 2º trimestre de 2025, em que o número de edifícios licenciados diminuiu 9,3% em relação ao trimestre anterior. Em termos homólogos, todavia, registou-se um aumento de 4,3%, ao mesmo tempo que a variação média anual nos últimos doze meses terminados em junho de 2025 se cifrou em 17,1%.
As licenças para obras de reabilitação, apesar da redução observada neste trimestre, mantiveram uma tendência de crescimento no médio prazo que foi observada desde o início de 2024, após um período de mais de quatro anos em que haviam perdido sucessivamente expressão. O número de licenças de obras de reabilitação registou no 2º trimestre de 2025, como referimos, uma redução de 12,1% face ao trimestre anterior. Em termos homólogos registou um aumento na ordem dos 6,1%%, ao mesmo tempo que a variação média anual no trimestre terminado em junho de 2025 foi de 14,1%.
Se olharmos para a área de construção licenciada, que nos dá uma ideia mais rigorosa da dimensão do trabalho que está para vir, verificamos que a mesma, embora tendo diminuído neste trimestre, voltou a ultrapassar um valor de 3 milhões de m2.
Nota: este indicador integra realidades tão diversas como habitação, escritórios, indústria e comércio, construção nova e reabilitação, não incluiu as obras de promoção pública (legalmente dispensadas de licenciamento), as quais, no âmbito do PRR, são particularmente significativas.
Talvez aquilo que melhor ilustra a dinâmica que continua a verificar-se seja mesmo o segmento da construção de habitação, em particular no número total de fogos licenciados em construções novas para habitação familiar, o grande motor do setor desde 2020. De facto, verificamos que, apesar de uma tendência decrescente que se observou durante um ano inteiro a partir do 1º trimestre de 2023, o cres-cimento retomou logo no 2º trimestre de 2024, prosseguindo até agora, apesar da ligeira redução (que pode ser invertida quando apurados os dados finais) de 1,1% face ao trimestre anterior, atingindo os 10.378 fogos licenciados neste 2º trimestre de 2025 (compara com 10.498 no 1º trimestre).
Apesar destes números que apontam para um ritmo futuro da construção acima dos 40 mil fogos anuais, mantemos sérias reservas sobre a possibilidade da sua concretização, uma vez que temos que ter consciência que, neste momento, com a capacidade no limite, estão a ser concluídos pouco mais de 20.000 fogos por ano.
Sublinhamos que persistem sérios problemas estruturais que vão continuar a limitar muito o crescimento do setor. O mais relevante é a falta de mão-de-obra, que não só impede ao setor responder à procura atual, mas também pressiona o crescimento dos custos de construção, inviabilizando alguns projetos e tornando mais difícil o acesso à habitação. Outro, é a questão do financiamento, que limita de forma decisiva a promoção da construção de habitação para os segmentos médio e baixos da população.
Assim, se não houver mudanças significativas, quer na disponibilidade de mão-de-obra, quer no domínio dos custos, do financiamento e dos preços, é bem possível que o ritmo de construção seja bem menor do que o potencial anunciado por estes números.
Obras Licenciadas
No 2º trimestre de 2025, o número de edifícios licenciados diminuiu 9,3% em relação ao trimestre anterior. Em termos homólogos, registou-se um aumento de 4,3%.
A variação média anual do número de edifícios licenciados no trimestre terminado em junho de 2025 foi positiva (17,1%).
Quando analisamos em termos de regiões, podemos ver que a maior parte dos edifícios licenciados, como habitualmente, estão localizados no Norte.
No segundo trimestre de 2025 só a região do Oeste e Vale do Tejo apresentou aumento, todas as outras regiões diminuíram o número de edifícios licenciados relativamente ao primeiro trimestre do ano.
Em termos homólogos, o número de edifícios licenciados aumentou em quase todas as regiões, com exceção do Alentejo, Algarve e RA Açores.
No que se refere à evolução do licenciamento relativo às construções novas para habitação familiar, o segundo trimestre de 2025 registou uma diminuição de 13,7% quando comparado com o trimestre anterior.
Não obstante, a taxa de variação homóloga foi de 5,2%, e a taxa da variação média anual cifrou-se em 20,9%.
Por sua vez, o número total de fogos licenciados em construções novas para habitação familiar no segundo trimestre do ano diminuiu 1,1% face ao trimestre anterior. Mas, uma vez mais, a variação homóloga neste trimestre foi positiva, fixando-se em 17,9%, assim como a variação média anual que se cifrou nos 23,2%, confirmando claramente a tendência de crescimento.
Quando olhamos mais uma vez para os valores em termos de regiões, podemos ver que a maior parte dos fogos licenciados também estão localizados no Norte. Ao nível trimestral, deparamo-nos com aumentos nas regiões do Norte, Centro, Oeste e Vale do Tejo, Península de Setúbal, Alentejo e Algarve ao passo que nas restantes regiões diminuíram.
Em termos homólogos, registou-se um aumento nas regiões Norte, Centro, Oeste e Vale do Tejo, Península de Setúbal, Algarve, RA Açores e RA Madeira, enquanto as regiões da Grande Lisboa e do Alentejo diminuíram.
Obras de Reabilitação
O número de licenças de obras de reabilitação registou uma diminuição trimestral de 12,1%. Em termos homólogos registou um aumento na ordem dos 6,1% e a variação média anual no trimestre terminado em junho de 2025 foi igualmente positiva, apresentando um valor de 14,1%.
Produção na Construção e Obras Públicas
O índice de produção no sector da construção e obras públicas no segundo trimestre do ano aumentou 1,75% face ao trimestre anterior. Esta subida ficou a dever-se, sobretudo, ao segmento da construção de edifícios que aumentou 1,79%, enquanto o segmento de obras de engenharia aumentou 1,70%.
Em termos homólogos, o índice de produção total aumentou 2,71% e foi também mais influenciado pelo segmento da construção de edifícios que registou um aumento de 3,36% enquanto o segmento das obras de engenharia apresentou um aumento de 1,70%.
Em termos de variação média anual observou-se uma variação positiva do índice de produção total de 2,22%, sendo que o índice relativo à construção de edifícios aumentou 2,85% e o das obras de engenharia aumentou 1,22%.
Vendas de Cimento
No segundo trimestre de 2025 as vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno aumentaram, em termos homólogos, 6,0%.
De acordo com os Inquéritos de Opinião da Comissão Europeia, o índice de confiança no sector da construção e obras públicas aumentou relativamente ao trimestre anterior, fixando-se nos 4,5 pontos.
Emprego
No segundo trimestre de 2025, o emprego na construção e obras públicas registou uma taxa de variação homóloga de 3,06% e de 1,46% em termos trimestrais, valores que comparam com 2,07% e 0,81% respetivamente, observados no primeiro trimestre do ano.
A variação média nos últimos 12 meses terminados em junho foi de 2,44% (2,17% em março 2025).
Remunerações
No segundo trimestre de 2025, o índice de remunerações registou uma taxa de variação homóloga de 11,07%, e uma variação trimestral de 11,07%, valores que comparam com 9,11% e -10,99% (efeito pós subsídio de Natal) respetivamente, observados no trimestre anterior.
A variação média nos últimos 12 meses terminados em junho foi de 10,65% (10,48% em março 2025).
Taxas de Juro
A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito fixou-se, no mês de junho 2025, em 3,479%, que corresponde a uma diminuição de 0,256 pontos percentuais face à registada no mês de março 2025.
Nos contratos para “Aquisição de Habitação”, a taxa de juro observada em junho de 2025 foi de 3,466%, tendo também diminuído 0,249 p.p. em relação à taxa observada em março de 2025.
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Fonte: INE