Boletim Materiais de Construção nº 421
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Cuidado com os custos!
No último ano e meio o setor viveu um período de redução dos preços de venda que secou a liquidez e deteriorou as margens de comercialização, porventura para além dos ganhos que a rápida subida anterior proporcionara.
Estabilizados os preços, é natural que as margens brutas recuperem, sobretudo porque a atividade da construção e o mercado deverão continuar a ter uma evolução favorável nos próximos anos.
O desafio está em conseguir acomodar o crescimento dos custos da operação, que não só não é expectável que baixem como, muito pelo contrário, deverão continuar a aumentar e muito provavelmente a um ritmo superior ao dos preços de venda.
Para isso irão contribuir os aumentos salariais acima da inflação, impulsionados pela escassez de mão-de-obra e pela subida vertiginosa do custo de vida (que integra bem mais coisas do que as que estão contidas na taxa de inflação, como é o caso das taxas de juro e os custos com a habitação), mas também os custos com os combustíveis (cujos impostos deverão ser repostos em breve e até aumentados em consequência das políticas de descarbonização), todos os outros oriundos dos diversos prestadores de serviços às empresas e ainda os que continuam a surgir em cascata por causa das novas responsabilidades que continuam a ser impostas nos domínios do ambiente, do social e da governança.
Sobre custos financeiros, estamos conversados. Mesmo que diminuam, não é crível um regresso a juros negativos.
De uma forma geral, a subida dos custos toca a todos, a nós e aos concorrentes, pelo que os repercutir nos preços de venda parece, à partida, algo natural e viável. Mas a realidade é que nem todos têm a mesma estrutura de custos, por um lado e, por outro, nem todas as atividades têm a mesma possibilidade de aumentar preços sem que o mercado reaja negativamente. Uma e/ou outra das situações representam um sério constrangimento e muitas empresas podem ver-se na situação em que continuar e perder rentabilidade não é alternativa.
Como temos vindo a alertar, as recentes mudanças de cenário tornam ainda mais premente olhar para dentro, reanalisar os processos internos, os produtos, os fornecedores, os clientes e o próprio modelo de negócio.