Boletim Materiais de Construção nº 406

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Treme, mas não cai

O sentimento de incerteza tem vindo a dominar as expetativas dos agentes económicos da fileira da construção desde o início do ano.

Apesar da carteira de encomendas assegurar trabalho até ao final do ano, a verdade é que ela tem vindo a diminuir, na medida em que essa era exatamente a perspetiva que tínhamos há cerca de seis meses. De lá para cá, nada de significativo aconteceu e isso causa preocupação.

Este interregno de novas encomendas ou de novos projetos de obras a arrancar tem alguma lógica se pensarmos no facto de, há um ano atrás estarmos a viver o pico da subida dos preços dos materiais e a assistir, com algum espanto, ao súbito disparo das taxas de juro. Na altura, muita coisa parou ou foi suspensa à espera de melhores dias.

Depois, mais recentemente surgiu o famigerado pacote do “Mais Habitação”, com congelamento de rendas, ameaças ao alojamento local, restrições ao âmbito de aplicação da taxa reduzida de IVA na reabilitação, que assustou os investidores.

É verdade que a subida das taxas de juro continua a ser uma ameaça para o segmento do mercado direcionada à classe média e é um problema que ainda vai piorar um pouco, mesmo que pareça estar afastada a hipótese de virmos assistir a um grande número de situações de incumprimento. Mas como o ciclo da construção é longo e porque se espera uma estabilização ou mesmo alguma redução nas taxas de juro ainda dentro de 2024, o aumento de rendimentos nominais no prazo de dois a três anos deve permitir às famílias recuperar uma parte maior do seu poder aquisitivo e de crédito, contando que a evolução dos preços do imobiliário seja mais contida.

A apoiar esse cenário está a evolução mais recente dos preços dos materiais de construção que, com algumas exceções, vêm a registar há meses uma tendência de redução que, em termos homólogos, já ultrapassou, em muito casos, o limiar dos 20%.

Naturalmente que este processo de deflação causa problemas sérios aos distribuidores, provocando uma redução substancial dos proveitos, mesmo com margens percentuais semelhantes, ao mesmo tempo que se deparam com uma subida substancial e rígida da grande maioria dos custos de exploração.

Mas, ao nível do mercado, a redução dos preços funciona como um estímulo á continuidade dos projetos adiados e ao arranque de outros. Parece ser isso que se está a passar e, se assim for, as carteiras de encomendas começarão a aumentar a partir já deste verão.

Ao mesmo tempo, os fatores positivos que têm sustentado e continuam a sustentar a procura no setor imobiliário mantêm-se quase todos: Imigração, crescimento urbano, turismo, reabilitação energética e PRR.

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