Boletim Materiais de Construção nº 394

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Mudança de cenário?

Os últimos confinamentos na China e a continuação da guerra na Ucrânia “deram gás” ao fenómeno inflacionista gerado pela pandemia e pelos estímulos monetários criados na Europa e, sobretudo, nos Estados Unidos, acelerando o processo de subida das taxas de juro.

Assim, é expectável que o fenómeno, depois do pico que deverá estar próximo, se venha a alimentar a si próprio, perdurando por muito mais tempo do que inicialmente se previa e bem acima daquele limiar técnico e psicológico dos 2%.

Como a procura continua forte, a capacidade instalada no setor da construção permanece insuficiente e os projetos do PRR ainda estão por executar, não é expetável que o atual ciclo positivo do setor da construção, já de per si longo, venha a ser interrompido, apesar das perturbações causadas pelos recentes aumentos de custos.

Da mesma forma, a subida das taxas de juro, cujo ritmo já foi dado a conhecer para este ano, também não será de molde a prejudicar o investimento imobiliário nem terá repercussões significativas imediatas nas prestações do crédito à habitação.

Todavia, temos que admitir que lá mais para diante, eventualmente ainda em 2023, as Euribor, nomeadamente a do prazo a doze meses que serve de referência à maioria dos contratos, possam escalar um pouco mais. Uma Euribor de 2% significará um aumento da prestação média em cerca de 200€ e isso já será significativo para as famílias, mesmo que não afete muito a atratividade do investimento no setor imobiliário. Tudo vai depender da forma como vão evoluir os rendimentos em Portugal, e se para 2022 as perspetivas de crescimento do PIB são muito otimistas, beneficiando do chamado efeito base (ponto de partida baixo), para 2023 as previsões já são de um crescimento medíocre, o que, se persistir, nos poderá colocar numa posição mais difícil nos anos futuros.

Se a inflação, como admitimos, persistir por mais dois ou três anos, é possível que as taxas de juro venham a atingir, após 2023, valores acima dos tais 2% e o cenário será então bastante diferente. A disrupção poderá mesmo surgir se as taxas de juro superarem os 3,5% ou os 4%, conduzindo à estagnação ou mesmo à redução dos preços no imobiliário. Os ajustamentos são normais em cada mudança de ciclo, mas se a queda de preços for significativa, todos sabemos o que acontece a seguir…

Não vale a pena sofrer por antecipação. Todos temos que trabalhar para aumentar a produtividade e sair da cauda da Europa.

Isso faz-se estimulando o lucro empresarial e os rendimentos do trabalho, com menos impostos e mais autonomia e não através de subsídios e proibições.

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