Revista Business Portugal, 23 janeiro 2024
2024 começa sob o signo da incerteza. Económica, política e geo politicamente ninguém consegue com segurança pers petivar o que nos espera para os próximos doze meses.
A inesperada queda do Governo apoiado por uma maioria absoluta parlamentar, precipitouo país num período eleitoral sem que sejam claros os cenários políticos a surgir após o dia 10 de Março, sendo no entanto duvidoso que volte a ser assegurada uma maioria absoluta por qualquer uma das forças partidárias.
Este cenário de maior instabilidade política coloca em causa a possibilidade de serem tomadas várias medidas importantes, e realizadas as reformas desejáveis com impacto na economia nacional. Torna assim mais indispensável, tal como tem defendido a CCP, a adoção de um verdadeiro contrato social que abranja questões fundamentais para o crescimento da economia e não se restrinja apenas à lógica temporal e redutora dos ciclos eleitorais.
Partindo de um consenso alargado em sede de concertação social, esse contrato deverá ter em conta não apenas as indispensáveis alterações no modelo fiscal para o aumento do rendimento dos cidadãos e a capitalização das empresas, mas também e prioritariamente como impulsionar fortemente o investimento privado e definir as prioridades do investimento público. Temos de centrar-nos numa economia que incorpore, em todos os setores, cada mais serviços criadores de valor, isto é, mais “servitizada”, e que se integre cada vez mais acima nas cadeias de valor internacionais, necessidades estratégicas essas apontadas recentemente pelo Prof. Augusto Mateus num estudo promovido pela CCP À incerteza na política nacional, somam-se ainda os efeitos do prolongamento da guerra na Ucrânia, da escalada de confrontos no Médio Oriente e, também, das eleições nos EUA e do que elas poderão impactar na cadeia logística e comercial mundial.