Análise de Conjuntura do Setor da Construção – 4º trimestre 2023

Apreciação Global

No 4º trimestre de 2023, a atividade da construção recuperou de alguma forma o ritmo de crescimento, mas os dados relativos ao licenciamento de obras confirmam uma tendência para um futuro pequeno abrandamento, restrito ao segmento dos edifícios no setor privado que, aliás, se tem vindo a consolidar desde o início do ano.

Na verdade, o índice de produção no sector da construção e obras públicas aumentou 1,17% face ao trimestre anterior que compara com apenas 0,28% no terceiro trimestre. Esta subida ficou a dever-se, sobretudo, ao segmento de obras de engenharia que aumentou 1,95%, enquanto o segmento da construção de edifícios aumentou 0,62%. Em termos homólogos, o índice de produção total aumentou 5,42% e foi igualmente mais influenciado pelo segmento das obras de engenharia que apresentou uma subida de 7,61%, enquanto o segmento da construção de edifícios registou um aumento de 4,01%.

Os dados relativos ao emprego na construção e obras públicas vão no mesmo sentido, tendo-se registado uma taxa de variação homóloga de 4,23% e de 0,06% em termos trimestrais, valores que comparam com 5,32% e 0,37% respetivamente, observados no trimestre anterior. A variação média nos últimos 12 meses terminados em setembro foi de 4,9% (4,7% em setembro).

 Da mesma forma e pelo terceiro trimestre consecutivo, verificou-se o crescimento homólogo das vendas de cimento no mercado interno, que foi de 2,5% neste 4º trimestre de 2023 (6,4% no 3º trimestre). As vendas de cimento no conjunto do ano foram mesmo as mais expressivas desde 2011.

O sentimento de confiança no sector da construção e obras públicas permanece, todavia, negativo, tendo o respetivo índice registado um valor de -3,6 pontos, que compara com os -1,3 pontos apurados no período anterior.

Mas, se o regresso ao crescimento da atividade da construção parece ser uma realidade, já quando falamos em termos prospetivos, temos que ter em linha de contas duas realidades distintas. Por um lado, temos o mercado de promoção privada, cujo principal indicador são os números do licenciamento de edifícios, por outro, temos o mercado da promoção pública, aferido pelo número e montante dos concursos e dos contratos celebrados, abrangendo quer obras de infraestrutura (engenharia civil), quer edifícios (incluindo as habitações do PRR).

Como dissemos acima, do lado da promoção privada o cenário apresenta-se menos auspicioso, com o número das novas licenças para obras a não recuperar das quedas dos últimos trimestres e as áreas licenciadas a sofrerem uma ligeira redução. De facto, apesar de, quer em termos da intensidade, quer em termos de média dos últimos três anos, a diminuição continuar a não ser muito significativa, nem preocupante, assinala-se que a variação trimestral do número total de licenças foi nula (após -8,9% no trimestre anterior) e a variação média anual no trimestre terminado em dezembro de 2023 foi negativa (-7,7%). Em termos homólogos, também se registou uma diminuição de 3,8%.

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